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Poesia de reflexão. Em cada rima, em cada verso, em cada palavra está explicitamente representado o resultado desta nossa vivência. É o espelho de uma experiência partilhada, de momentos de alegria, de dores e mágoas comuns, mas também, de muitos valores tais como: a compreensão, tolerância, amizade e respeito pelo próximo.


Com grande apreensão e imensa dor

Embarcamos na terapia com emoção

Buscávamos a custo e com afinco

Compreender o porquê ou a razão?

 

Nesta fase de nossa vida

Nesta experiência de bom viver

Nem que não ficasse mais nada positivo

Já foi enorme esta oferta

E este grandioso privilégio em nos conhecer.

 

Uma terra ampla e livre, sem fronteiras ou limites.

Mas algo no pensamento dizia:

Precisas de deixar um sinal.

Olhei de novo para as mãos e pedi a elas e ao meu pensamento

Um novo e derradeiro esforço.

 

Na primeira das nossas sessões

Em que o papel de artista plástica, eu vesti

Procurei a calma do mar nas ondas pintadas

Satisfeita, mas reticente e desconfiada

Como “estranhas” inicialmente, eu nos vi

 

É assim no sonho através do espelho

A vida nos ensina primeiro com palavras, música e imagens

Por fim com jogos criativos

Nele eu acendia estrelas no fundo dos meus olhos

E brincava com elas pela noite dentro.

Era a beleza da Mãe-Natureza,

Como tudo se faz e se transforma, a agitação da imaginação.

 

Através da caixa de areia, conheci,

Duas novas companheiras especiais

E ao jogarmos compreendi,

Que nem sempre na vida,

As cosias correm, segundo os nossos ideais.

 

Talvez o problema não fosse nosso

E “estranhas” seja uma expressão exagerada   

Porque afinal, na Caixa de Areia

Continuo a sentir-me completamente deslocada!

 

Uma jornada, um herói,

Uma vida complicada que por vezes não percebo mesmo nada.

Um caminho, um presságio, pela vida ou então o próprio destino.

Um grupo, uma amizade, isto pode dizer-se realidade.

 

Por vezes os rostos entristecem-se e emocionam-se,

Suas faces ficam molhadas, os seus rostos perdem cor, sentem-se sozinhas sem vida e sem amor.

Os pensamentos já não se mostram soltos como dantes,

Pois já não são claros como a água, pois ainda existe uma grande mágoa.

 

De olhos vendados com lindos lenços

Fomos vagueando, como às vezes pela vida,

Este encontro foi-nos aproximando e ofereceu-nos uma experiencia,

Para ajudar a sarar a nossa ferida.

 

Encerra a jornada do Herói,

Se por um lado apreensiva

A venda nos olhos permite gestos voluntários

Que por outro, permitiram que me abstraísse

Desses gestos recalcados com formalidades do dia-a-dia.

 

Com barro e alguma magia

Percebi a orientação do nosso mestre,

No entanto, nada saiu como eu queria

Pois, estava noutro mundo que não este.

 

Nesta máscara que nos pediu para moldar

Fiquei triste e sem vontade de colaborar

Porque máscaras já usamos o suficiente

Desempenhando papéis no dia-a-dia!

Sem que nada se possa alterar

A arte também faz parte deste poema,

Não sei como lhe chamar, será “máscara da vida” ou “uma forma de magia”?

 

Talvez por inspiração ou por imaginação vou aprendendo novos significados,

Novas maneiras de pensar, de sonhar e até mesmo de voar,

Até chegar ao coração de muita gente.

 

 Talvez me censurem por fazê-lo, até há quem diga:

 “As palavras são o que são e procurar para elas novos significados é pura perda de tempo e ofensa aos deuses”!

Então continuei a imaginar o sol,

 E o sabor de casar as palavras:

 “Água” com “vento”

O “corpo” com a “terra”

E a palavra “mulher” com o “sonho”

A “natureza” com a “vida”

E o “sol” com a “lua”!

 

Tudo isto é magia e tudo com as mãos

Eu amasse e o pensamento constrói tudo que me vai na mente,

Pois sai sempre magia,

Tudo que se faz com alma fica sempre diferente.

Todos nós usamos uma máscara! Máscara da vida, quem sabe! 

 

Com uma melodia suave e doce

Reaprendi a dançar,

Foram momentos inesquecíveis

Para recordar sempre e em qualquer lugar.

 

A dança foi linda

Trouxe à lembrança, recordações de infância

Valores como a inocência e a simplicidade

A naturalidade e o resgate e da ingenuidade perdida.

 

Mas também, de nostalgia e muita saudade

Pois a vida é música, dança e bonança,

Até mesmo ser poeta e não dizer uma palavra certa.

 

Falar o necessário, é o calor de um sorriso,

Olhar é entender e acarinhar se for preciso,

É sabedoria dos deuses, a paciência do tempo, é não ter contratempos.

 

Por Vezes ser amigo é loucura, talvez uma aventura contente.

É enxergar o coração do outro que sofre,

É descobrir cada dia que a vida recomeça,

É mimar, é cantar e por vezes até chorar. 

 

Apreendi conhecimentos, partilhamos experiencias,

Que teremos que aplicar ao futuro

Em todas as nossas vivencias

Inovadora e diferente.

 

Foi o encontro da alteridade

A qual poderei usar para sempre

Com adaptação e artimanha.

 

Momentos de troca e partilha

De ideias, experiências, alegrias e fortes emoções

Todas elas vivenciadas ao pormenor

Neste rico leque de sessões.

 

As imagens que guardo no meu pensamento,

As lembranças que levo no meu coração

São a síntese de umas páginas

Um capítulo do livro da vida.

 

Desta verdadeira, terna e rica lição.

Desta rica experiência de vida

Sobressaíram valores imutáveis,

Tais como, o respeito pelo espaço do outro,

O cumprimento do sigilo acordado .

 

Pois é sempre possível mudar a vida, lutar por ela, ou correr atrás.

Mas não tente prever o futuro.

Viva a vida que o resto o destino sempre faz.

 

Autoras: Ana Bela, Bernardete e Cristina.

Psicólogo: João Carlos Vaz Furtado


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