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A mostrar mensagens de julho 2, 2021
  Eu perguntei para ver se esquecia E esqueceste... Eu ouvi aquela expressão tão querida A que estava habituado ao fim do dia Eu vi aquele gesto singular Naqueles olhos bondosos Eu ouvi aquela música familiar Seus passos rasos ao chegar a casa Eu caminhei a sua frente Por trás tu me seguiste Eu fui até ao quarto escondido Encontrei seus livros secretos Eu abri suas gavetas A procura de segredos Eu desejei esquecer as palavras ditas E recordei das não ditas Hoje, especialmente agora Soube que o silêncio é precioso Estar ao seu lado E esquecer um pouco quem fomos Quem seremos. João C.V. Furtado 02-07-2021      
 João Carlos Vaz Furtado 02-07-2021 Vazio - Bomfim A experiência do vazio, uma espécie de abandono absoluto ou da solidão saturnal coloca-nos perante uma de-cisão profunda. Esta posição é uma verdadeira apunhalada pelas costas, não estávamos nada a espera. É comum levar muitos anos para se recuperar, alguns talvez nunca recuperem e andem à deriva o resto da vida, pois é isso mesmo, só ficam pequenas sobras de emoções verdadeiras. Mas quem se recupera e começa a escalada, um dia se depara como o algoz do traidor, agora é a minha de-cisão que coloca o outro no lugar do vazio… E nesse instante é que eu e o outro nos encontramos, vazios, nus e sem nada para oferecer ou receber. Parece paradoxal, mas isto é que é libertador, pois sabemos que nada sabemos. Agora, finalmente podemos não ser, já foi o tempo de aprender, crescer e ser. Estamos sem chão para pisar, lugar para ficar, verdade para falar, boca para beijar. É só adeus, deixar que seja o que vier, as palavras, o gesto
  SAPATO João Carlos Vaz Furtado O sapato projeta-se ao chão de tal forma que raramente olhamos para os nossos pés quando caminhamos, raramente nos preocupamos com os aspetos mais inferiores e inconscientes da nossa personalidade e, como esta se dinamiza no decorrer da jornada. Olhar para os sapatos (e aqui incluem os pés) é também olhar para cima e o cérebro, melhor, para a totalidade da pessoa. Para o analista junguiano calçar o sapato do outro é perceber onde ele aperta, onde afrouxa ou ainda como se sente neste sapato. Por respeito ao outro é ‘começar por baixo’, perceber como ele chegou até a consulta e qual foi o seu caminho. Lembro de um trecho de uma das crónicas de Rubem Alves do menino engraxate que conhecia seus clientes apenas de olhar para os sapatos, nem sequer era preciso emitir uma palavra para compreender exatamente quais eram as suas necessidades. Assim é também a mira do analista junguiano, ver aquilo que o outro realmente é. E então o cliente nos diz que agora se se
  Efeito bata branca… Hoje a reflexão é resultante de problemas que se colocam a medida que definimos nosso enquadramento de intervenção clínica, especificamente no campo da psicologia clínica, cuja forma principal de atuação é a psicoterapia. Como imagem central para esta conversa, irei utilizar a ideia do psicólogo clínico que utiliza a bata branca como indumentária básica de sua identidade, ou então os seus derivados desta imagem primária, já um pouco mais descolados de sua ideia originaria. Penso nesta imagem como alguém que pensa no seu sentido metafórico e, portanto, de alguém que pensa o campo da psicologia clínica, cujo representante é um ser humano que aplica a si mesmo como instrumento de intervenção psicológica no outro. Supostamente um processo que o aplicador utilizou em si mesmo. A forma de problematizar este tema é nos perguntarmos, agora enquanto aprendizes de uma teoria e de uma prática clínica, se a psicologia que o psicólogo aplica vê a si mesma, por dentro, em sua i