João Carlos Vaz Furtado 02-07-2021
A experiência do vazio, uma espécie de abandono absoluto ou
da solidão saturnal coloca-nos perante uma de-cisão profunda.
Esta posição é uma verdadeira apunhalada pelas costas, não
estávamos nada a espera.
É comum levar muitos anos para se recuperar, alguns talvez
nunca recuperem e andem à deriva o resto da vida, pois é isso mesmo, só ficam
pequenas sobras de emoções verdadeiras.
Mas quem se recupera e começa a escalada, um dia se depara
como o algoz do traidor, agora é a minha de-cisão que coloca o outro no lugar
do vazio…
E nesse instante é que eu e o outro nos encontramos, vazios,
nus e sem nada para oferecer ou receber.
Parece paradoxal, mas isto é que é libertador, pois sabemos
que nada sabemos.
Agora, finalmente podemos não ser, já foi o tempo de aprender,
crescer e ser.
Estamos sem chão para pisar, lugar para ficar, verdade para
falar, boca para beijar.
É só adeus, deixar que seja o que vier, as palavras, o
gesto, a renúncia e o perdão!
O perdão não é uma de-cisão, uma escolha, ou a verdade.
O perdão simplesmente é, sem ferida, redentor e expansivo!
Comentários
Enviar um comentário